sexta-feira, 22 de maio de 2015

Receita Para felicidade

Era uma fresca tarde de Maio e enquanto as notas da trilha sonora de pride and prejudice dançava pela cozinha, a garota lia atentamente a receita daquele bolo que ela tanto gostava, o que era irônico; já que este era comum ao ponto de ser previsível os ingredientes, mas ela não queria errar, tudo tinha que ser perfeito, a massa tinha que ficar fofa e alta, a cobertura doce e suave. era simples. era o normal.

"mãos á obra" disse ela a sí mesma e  seguiu os próximos minutos em silencio porque além de estar muito disposta a fazer um bom trabalho havia á musica, neste momento, "Dawn" trazia a seu final de tarde aquela sensação extraordinária de satisfação, pois além de ter realizado todas as suas metas do dia, e da semana, ainda arranjara um tempo para se divertir na cozinha, o que era relaxante para ela, que diferente de muitas garotas do século XXI se esforçava ao máximo para ser o que antes era considerado uma prenda obrigatória, como cozinhar, lavar, passar e a parte mais divertida "mudar".

Como um TOC a garota tinha um ritual todos os dias, arrumar algo, limpar algo e mudar de lugar, nem que fosse só a sequência dos livros ou o modo como colocava seus sapatos no canto mais externo do quarto, porque ainda que um pouco arcaica em seus pensamentos, esta via como tédio seguir a rotina, ou as regras ou a receita de um bolo. Quem dirá da vida. 
Com a mente ainda longe esta se concentrava em repassar por sua mente todas as metas que fizera para vida, e durante esse desvaneio teve uma GRANDE surpresa ao ver o quão incoerente seus planos eram com os que a sociedade empunha a nova geração. 

a "receita da felicidade", trabalhar muito, ter muito dinheiro ou para algumas mulheres, um marido rico; roupas da moda; um carro de ultima; uma casa com piscina e ir a uma festa ou jantar em algum restaurante quase todos finais de semana. "bobagem" pensou consigo mesmo enquanto colocava a massa do bolo para assar. a garota, por suas vez, queria mais, mais do que essa mentira alienada que envenenava cada vez mais comunidades do mundo inteiro, mas se essa receita estava errada, qual era certa? esta era a pergunta que se fizera a algum tempo. onde como conclusão, teve uma resposta satisfatória a sí mesma.

A verdade para esta, é que não há uma receita certa a seguir, Mas como toda receita tem uma base a ser respeitada, como o uso de ovos para dar a liga ao bolo; a base para felicidade é não se conformar com o comum, porque não há nada melhor do que mudar as coisas, sair da rotina, fazer algo diferente, ou simplesmente, Algo que esteja além da normalidade deste século. E para esta, a felicidade tinha um sinônimo de ajudar as pessoas, não se importando tanto com a prosperidade material.

e enquanto escrevia em seu pequeno diário na mesa da cozinha com a fraca luz que restara ao por do sol, esta tentava definir ainda mais seus próprios significados de felicidade, que para ela, teriam de ter uma forma homologa mas não totalmente idealista dos tempos de Jane Austen, Aquela menina, a mesma que adora dançar pela cozinha nas manhãs animadas após um boa xícara de café, queria apenas o simples e belo da vida, Um flerte juvenil, uma paixão consumidora, mais tardar um amor delicado, uma dança inesperada em meio uma chuva de verão, e quando desse...uma família grande, um almoço de domingo em uma longa mesa de madeira em um jardim, um relaxante final de domingo junto ao piano e o melhor de tudo, Aquela real sensação de satisfação após ajudar mais um paciente em sua jornada como médica que ainda nem começara.

Como alerta de que o bolo estava pronto, o formo apitou, dessa forma, retirou o bolo, e após muito pensar, decidiu que desta vez não seria cobertura de chocolate, faria diferente, ela apenas molharia o bolo com um pouco de leite de coco, como sua avó lhe ensinara, e depois enfeitaria com açúcar refinado para dar a ele sua marca. fazendo deste, sua receita.


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