quarta-feira, 20 de agosto de 2014

A primeira valsa



Já se passam das três da manhã e eu não me canso de ver seu rosto, seus traços fortes, seu sorriso e esse cabelo rebelde; e enquanto uma de suas mãos forma uma base em minha coluna a outra me puxa para uma dança sem fim, uma valsa de sorrisos, alegrias e encantos.  São nestes pequenos momentos que me esqueço da batalha travada a algum tempo neste salão vazio, onde antes olhando jamais se imaginaria a beleza de tal lugar, é nestes pequenos sorrisos de seus olhos que me esqueço como tudo ficou bagunçado por aqui, como cada livro, cada estante, cada prata e cada quadro se pôs no lugar errado. É difícil dizer como, mas ainda que me lembre de tais tragédias você se encaixa aqui, pois foi quando tudo estava errado que você chegou para fazer certo.
Eu lembro de cada cortina fechada, cada porta trancada, cada vidraça quebrada, mas também me lembro de quando inesperadamente você chegou, me recolhendo do chão, abrindo o pouco que restara de cortina e me dando esperança de um dia melhor. E me faz
sorrir lembrar do quão pouco tempo isso faz, mas meu Deus, Como deixei chegar aquela situação de moléstia? É comum ouvir a vida lhe dizer, “há coisas que devem acontecer para nosso crescimento e maturidade”, talvez tudo isso devesse ter acontecido para que você chega-se até a mim, pra que eu apreende-se sobre a vida, sobre a injustiça, sobre o amor, sobre a dor, mas acima de tudo sobre o perdão, para comigo e o próximo.
Ah querido, há tantas coisas para apreendermos um para com o outro, há tantas coisas para se ver! Mas neste momento, tudo que peço é que continue nesta valsa comigo, neste salão (que representa meu coração) me guiando em pequenos passos; me desculpe se com o tempo meu peso sobre seus pés o machuque. Irei te mostrar o melhor deste salão. Porque este é apenas o começo de muitas páginas do livro que é a vida. A primeira de muitas valsas.
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