Já se fazia 16 horas em ponto no relógio, ansiosa esperava
eu na fila do cinema; meus pés já doíam, mas tentei ignorar isto enquanto
escutava uma amiga tagarelar sobre a reação de seu namorado ao assistir “crepúsculo”;
olhei em seus olhos sorridentes e me senti mal por faze La gastar tanta saliva
contando suas loucas historias quando eu estava distante dali ...muito distante.
Sim , isso era muito egoísta de minha parte pois me recordo de todas as vezes
que atenta ouviu minhas longas horas de sermões e reclamações, quando na
verdade era ela quem tinha o direito de tal, ah como fui egoísta. Mas sendo
sincera aqui digo que me sentir egoísta não me afetava ali, havia algo errado,
eu podia sentir, meu sexto sentido estava atendo a procura de algo, o radar de emoções
estava em função de uns 100km/h mas tudo o que obtive de resposta foi um leve
arrepio.
Os trailers passavam como vento aos meus olhos; com os braços em uma posição de defesa (cruzados)e o pescoço encostada na poltrona dura elevei meus olhos e os concentrei naquela luzinha de projeção bem acima de minha cabeça.E derrepente como num passe de mágica “plim” eu estava onde devia estar desde 6 da manha; sim..era lá ..naquela pequena casa com cheiro de café e biscoitos de nata que eu desejava estar. Na varanda como sempre o banco de madeira que um dia eu chorei ao ver Pimpim (meu sapo) morto,ah que nostalgia boa...pois aquelas lagrimas eram puras e o sabor?aah o sabor..era salgado como o sal grosso mas doce como o mel. Senti a brisa tocar meu rosto, meus longos cabelos castanhos e cacheados , minhas têmporas, minha boca... e então eu senti. Sim..senti a amarga dor em minha garganta e agora meus olhos ardiam.NÃO - pensei- não posso ceder a dor novamente.
Então decidi entrar e ver quem estava em casa. Aporta rangeu,
entrei cuidadosamente e me concentrei em seguir os baixos risos, passei pela
sala e novamente fui pega pela nostalgia, pois bem ali diante de meus olhos
estava meu avo tocando seu velho violão e fazendo caretas enquanto uma
garotinha ria e ao mesmo tempo tentava acompanhar as doces notas da canção
sobre a dona barata.mas logo fui distraída aquele cheiro de biscoito e café me
causara fome e meu estomago fazia um barulho ensurdecedor, então prossegui
calmamente -apesar da fome- para a pequena cozinha.
Olá pequena- pulei ao ouvir aquilo, e no mesmo instante
levei meus olhos em direção aquela voz, e outra vez pulei- vóvó? Ela sorrio e
abriu o braços – a vóvó...me precipitei em correr para abraça- La..mas percebi
algo estranho no mesmo momento. Havia um eco em meus chamados e ela não olhava
para mim e sim para o que estava ao lado de minha perna esquerda, sim aquela
pequena garotinha que estava com o avo na sala, mas como eu; ela não pensou
duas vezes e se atirou para os braços da mulher com os braços abertos.
Com aquela cena meu coração trincou, corri para fora
segurando com garras e unhas para que meu coração não se espatifasse ao chão, a
brisa quente do sol de meio dia deixava meu rosto molhado, mas agora eu sabia
que toda aquela sensação de nostalgia era apenas a saudade e seus efeitos. E todo
meu esforço para não chorar se foi naquele momento...minhas botas as estavam
atoladas em meio a lama criada por lagrimas, suor, e terra, e naquele momento
ao olhar novamente para casa tudo que vi foi terra...poeira...tudo o que queria naquela tarde era a poeira do filme de minha mente.
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