Nós do espartilho

 

Era noite de lua cheia,  já se fazia o ponto mais alto desta; exatamente as 8 da noite;  aquela incrível e sedutora luz invadia ousadamente meu quarto: e enfrente ao espelho meu sorriso fazia cova em minhas bochechas coradas; só pela lembrança da sensação dos dedos de Leonard  em minhas temporas naquela tarde; ah Leonard .. Meu amor.... meu anjo..meu demônio...meu yang....meu príncipe; o causador de todos os meus melhores e mais felizes sorrisos, como podes tu de tão esplendida beleza e virtude olhar de tal forma para uma plebéia como eu ? Como podes dizer me amar tanto? E agora enquanto desfaço o laço do cabelo e toco na fita em que este um dia o elogio dizendo como ficava bonito em meus longos cachos castanhos; e mais uma vez sinto que estou corada, acho que já devia ter me acostumado, pois não era assim mesmo que ele dizia eu ficar sempre que recebia um elogio? Olho para o espelho e agora tudo o que vejo é o brilho nos olhos de uma garota apaixonada, é..eu conheço aquele brilho; sim conheço; é mesmo do dia em que secretamente nos encontramos atrás da velha mercearia do seu Jorge, riamos feito loucos; mas o brilho? Só pude ver quando olhei em seus olhos verdes-âmbar enquanto fervorosamente desejava que seus lábios os meus encontrassem, e quando enfim isto aconteceu..desejei tê-lo de tal forma para sempre, mas o sempre é complicado para pessoas como nós: que se amam na calada da noite ou na mais sombrosa sobra que uma arvore comprida pode dar em um radiante dia de sol. Aah o sol..as arvores..não posso me esquecer..é eles estavam conosco  em nosso segundo encontro, sim ...; aquele que só confirmou meus mais perturbados desejos e sentimentos, aqueles que por tanto tempo preferi não despertar, para que mais tarde não me machucasse. Aah essas lembranças...: doces e amargas lembranças... Pois agora enquanto me preparo para repousar o único sentimento é a saudade, saudade de seu cheiro, seu toque, seu beijo... seu sedutor e conturbante beijo.  O mesmo que vida ao meu coração devolveu e o mesmo que a este pode matar.

“Estas alegrias violentas têm fins violentos

Falecendo no triunfo como fogo e pólvora que num beijo se consomem.”

- Romeu e Julieta, ato II,cena IV

Leonard, meu amor...como o amo! e nem mesmo os nós mais fortes de meu espartilho prenderam o meu fôlego enquanto ao mundo isto anuncio. E agora só espero que não tenhamos o mesmo fim de Romeu e Julieta, que a morte não seje a única opção  para o nosso amor.