quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Esperança


Os pássaros na pequena arvore de acerola no fundo do quintal cantavam e dançavam, como todas as manhas, eles estão feliz, não há sinal de chuva, nem vento, eles podem voar, cantar e dançar e acima de tudo serem feliz; ei, acho que até pude ver um piscar para mim; não, estou ficando louca, mas isso me fez sorrir, e esse sorriso, está me aquecendo, derrubando a frágil camada de gelo que insiste em reaver meu coração.

Esperança, a vida tem tentado me mostrar isso, eu devia ter me protegido mais, é claro, mas como se proteger do fogo de uma paixão? Como não amar? Quando tudo lhe mostra que isso lhe faz bem, mas nós sabemos que todo bem tem o seu lado mal. É difícil olhar para cada canto do meu coração e encontrar somente as migalhas dele, ele se foi, levando boa parte desse doente e frágil coração.

” E agora? O que vou fazer? Como viver? Como ir em frente?” Estes tem sido os meus demônios nos últimos dias, como seria tudo mais fácil se alguém já tivesse escolhido por mim, como seria mais fácil se eu não tivesse que escolher, se a vida fizesse isso sozinha; mas se fosse assim não seriamos apenas escravos do destino? Não seria injusto? E o livre arbítrio? Onde ficaria?

Eu estou tão confusa, e há tantas feridas, tantos roxos, tantas cicatrizes semiabertas, e os meus joelhos já estão estourados por tantos tombos, eu disse a mim a algumas manhãs atrás, “eu não quero levantar, eu não vou, não quero cair de novo”, naquele momento não seria ruim sofrer um enfarto e morrer, pelo menos era o que eu dizia a mim mesmo, mas não foi ele mesmo quem me ensinou que só podemos mudar as coisas se estivermos vivos? Sim, são esses valores, essa lições que fizeram levantar hoje, e dizer, “olá sol, pode me aquecer?”

Agora, um pouco distante daqui, posso ouvir uma pequena junção de 4 acordes, alguns erros na afinação do que parece ser um piano, como uma bomba o sol invade a janela da cozinha aonde tomo meu café, me aquece, me refaz, me dá esperança, em um momento nostálgico, me lembro das tardes de domingo em que meu irmão no velho teclado tocava para mim, me lembro da vontade em segredo de um dia ser bailarina, “quero dançar” penso, “quero cantar” digo, como os pássaros quero viver; tentar; porque tentar é a chave para mudar as coisas.

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