sexta-feira, 12 de julho de 2013

Décadas

Dizem que quando se esta prestes a morrer toda sua vida passa-se diante de seus olhos, de fato isto posso hoje afirmar. Já se faz exatamente cinco da tarde do terceiro dia desde que pelos anos meu amado Leonard fora me tirado; com o sol tão quente e nostálgico se pondo ao horizonte o que me resta neste momento são o tão doce toque do falho e vago vento que passa por esta tão espaçosa varanda ocupada apenas por nossa tão antiga cadeira de balanço; sim espaçosa é a palavra certa para definir todo este vazio que agora dá lugar para a dor de algo que se foi e as tão puras e dolorosas lembranças desse amor um dia prometido ser eterno. Era eu há oito décadas; uma garotinha de quinze anos assustada e entorpecida pelos devaneios da vida, o medo da frustração neste momento era meu único ponto de recaída; mas em meio a tantos redemoinhos d alma, havia ali; naquela mesma garota um desejo insaciável por obter força, para que aquela mascara de hipocrisia que mantinha para males afastar fosse retirada dando lugar à verdadeira face. Eram tempos difíceis, tempos de decisões, ficar ou partir? Ir ou vir? Recomeçar ou terminar? Matar ou morrer? Confuso não é? A pergunta é... O que eu escolhi? Escolhi o caminho que nunca irei me arrepender; escolhi dar-me uma chance. E assim fiz. O dia havia começado chuvoso, mas sendo esta a segunda semana de aula logo cedo já estava de pé e pronta para ir a escola, pedi a minha mãe para que me levasse a escola; a aula havia sido monótona então ao chegar em casa fiquei contando as horas para a minha tão esperada primeira aula do inglês- a melhor recompensa que se pode ter em uma aposta- e por pouco, toda esta empolgação não é jogada fora. A chuva rugia em nossas portas, mas isso não me abalou, recolhi os livros espalhados pela cama,coloquei os em uma pequena bolsa juntamente com um lápis e uma borracha, coloquei meus Jens surrados,um chinelo e a blusa sem mangas, de estampas floridas que me deram um ar de “Regueira feliz “ juntamente com o coque espatifado. Foi inevitável, mas atrasos acontecem. Desci do carro o mais rápido que pude, tive que me conter para não cair na calcada tão lisa .- PEC 1?- perguntei a moça atrás do balcão que quão assustada respondeu – a primeira sala à direita. Bati três vezes na porta como havia sido me ensinado quando criança, e entrei..., Naquele momento me esqueci da chuva que antes me molhara, pois bem ali; a minha frente; estava o mais brilhante e deslumbrante sol, irradiando calor e aquecendo cada músculo de meu corpo frio e a pedra de gelo em meu peito. sentia-se eu naquele momento como a mais pura reação química, como uma fusão. E foi assim, que comecei a acreditar no amor. Foi assim tambem que Leonard e eu passamos a ser como Romeu e Julieta; um amor proibido e doentio e mais tardar como Damen e Ever; um amor eterno e puro. É claro que a velhice nos separou, mas por um breve momento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário